Donnerstag, September 30, 2004

..assim, meio sem vontade.

Já amanhecia quando me apeteceu deitar, não que tivesse sono mas ...assim pedia o corpo, um pouco de descanso.

Lá fora, a neblina vestia de branco a manhã, emprestando ao cinzento da noite um manto fantasmagórico, (nem sei se existe a palavra) ...mas tb não tem importância. Preciso tirar as palavras da mente, aquietá-la ...
Aconchegar a alma;
Deixar adormecer o corpo ..(está dificil a tarefa!)

Que revolução de verbo vai aqui dentro!
Atropelam-se os sentires, os pensares ...
e os olhos, continuam assim ...semi-cerrados, magoados!



A manhã está como eu ...meio entorpecida, sem querer acordar nem adormecer. Apenas esquecer!



Apetecia-me esquecer!
Sim! ..perca total e completa de memória ...
e porque não, de sentir, de pensar.
Que restasse apenas o hoje, o instante, o momento ...sem ontens, nem amanhãs!



Sem as promessas que ficam esquecidas.
Sem as desculpas, mentidas.
Sem os amores declarados, falsos.



Apetecem-me despedidas!
Apetece ...apenas esquecer-me!


3 Kommentare:

Anonym hat gesagt…

Comentar o que se lê.. mas como lemos, será como se escreveu?...Apenas sei, que gostei como li...
Apenas sei...preciso continuar lendo...

noite

Anonym hat gesagt…

O silencio que sai do som da chuva espalha-se, num crescendo de monotonia cinzenta, pela rua estreita que fito. Estou dormindo desperto, de pé contra a vidraça, a que me encosto como a tudo. Procuro em mim que sensações são as que tenho perante este cair esfiado de água sombriamente luminosa que se destaca das fachadas sujas e, não sei o que penso nem o que sou.
Toda a amargura retardada da minha vida despe, aos meus olhos sem sensação, o traje de alegria natural de que usa nos acasos prolongados de todos os dias. Verifico que, tantas vezes alegre, tantas vezes contente, estou sempre triste. E o que em mim verifica isto está por detrás de mim, como que se debruça sobre o meu encostado à janela, e, por sobre os meus ombros, ou até a minha cabeça, fita, com olhos mais íntimos que os meus, a chuva lenta, um pouco ondulada já, que filigrana de movimentoo ar pardo e mau.

( Bernardo Soares)

Um beijo em ti nina *

Luís Mouta hat gesagt…

No estertor da saudade, muitas vezes damos por nós mergulhados numa melancolia mais densa do que a neblina que disse que vestia de branco aquela manhã... Mais do que o cinzento da noite a recordar fantasmas do passado está o próprio passado, engrandecido pela necessidade de preencher o vazio que a dita saudade provocou!
Daí essa fuga para dentro de si, escondida no torpor que a angústia logrou provocar!