Donnerstag, April 20, 2006

Amizade


A verdadeira amizade é como a fosforescência:
nota-se melhor quando tudo ficou às escuras.
(Tagore)

... E foi no escuro das tuas noites;
entre as brumas e a solidão
que acompanhei teu caminhar.

Foi na colina dos loucos
Que amparei a tua queda,
estendendo-te a mão
E acolhendo-te no meu peito.

E agora que teus sonhos serenaram,
E a lua sorri, novamente
Iluminando e reinando no teu céu

Posso ir, tranquila;
Além da visibilidade e da saudade ...

Para lá do alcance do olhar
Lá ...onde dormem os Deuses
E o silêncio é palavra murmurada;
Suave ...


Vou ...


Que os Deuses te guardem nas palmas das mãos.




Samstag, April 01, 2006

O Enigma da Palavra







A palavra em mim
é quase sempre
Um mistério de olhares
e silêncios.

Por mais que a aflição
das minhas mãos
Tirem-na do exílio
ou façam-na alada,
Há um hiato
que a transcende.

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A minha palavra
é muitas vezes
Um estar só,
um desabitar-me,
Um discurso impronunciável
de emoções
e segredos.

Como explicar a intenção
da curva de cada letra,
Enquanto florescem
inconscientes desejos
Que se encobrem nos véus
dos meus dedos?

A palavra em mim
está além do expresso
Da pretensa linha
reta do dizível
Ou da rasura proposital da razão,
Quando sangra
a página em branco.

É que em mim,
há a palavra intocada,
inacabada
Pulsando viva na tessitura
de minhas mãos
Em suores
de uma permanente ausência
Suspirando em calafrios
uma saudade,
uma falta.

E tanto a busco,
em seus imprevistos códigos,
Percorrendo os abismos
do seu desvendar,
Que vou me conjugando
em inquietudes
Refletindo-me
no espelho da escrita.





(Fernanda Guimarães)