Donnerstag, November 18, 2004

“Acordes a 4 mãos”



Apeteceu-me partilhar convosco, estes momentos.
Uma noite nas horas mortas ..em que a amizade fluia na sala de chat, eu e o meu muito amigo Zé, brincámos com as palavras.

Ele é ..para mim o menino que nunca cresceu, sorriso franco e timido.
Um coração enorme e uma alma linda e gentil.
Apesar de andarmos aos estalos quase sempre ...gosto imensamente dele. Um ser Humano, com maiusculas, daqueles raros, em extinção.

Ele tb é ..como todos os que o conhecem sabem, apaixonado pela musica, pelas suas guitarras melhor dizendo.
E assim nasceram, estas palavras, com muito carinho e amizade.

(obrigada Zé por seres quem és e seres meu Amigo ) *











Madeira quente,que abraço...
Nascem sons entrelaçados,
Num toque mel...alma virgem...
Cruzam-se nossas mãos,
desenfreadas, á procura...
de acordes...momentos infinitos!






Geme a guitarra...fala,grita!
Canta preces de outro vento...
lilazes melodias...
De rubro encanto, paixão que fascina...
estranhas notas efémeras...
sabor de vida etérea...viagem
Partida!

Sinto-te nessa dança...
de azul sentidos...

Perdiam-se já nossos dedos,
Entre as notas e sentidos,
De um “lá”…no infinito!!

Um “dó” maior sem dor,
Nossos dedos atrevem-se,
No “si” repetido…
Viagem de sentidos,compartidos
amando …suas cordas,luz vida...
Energia que levita…
entre acordes e compassos...
Num dançar de corda em corda.

Dedos passeando...em suas curvas,
Guitarra abraças melodia nossa
Ouvimos-te assim…
… perdidamente sentindo!!


ze2 e sonhadora

Montag, November 15, 2004

Remexendo no passado ...II



Acordou sobressaltada.
Por momentos ...e por entre as brumas do sono, pensou que tudo tivesse sido apenas um horrivel pesadelo.
Mas não!
Depressa se deu conta que esta era a sua realidade.
O mesmo cheiro pestilento, o mesmo sabor amargo na boca.
O mesmo desespero!

Que horas seriam!? Pensou ...
Faltaria muito para amanhecer!?

Estava escuro lá fora, no quarto e no seu mais adentro.
Não podia mexer-se!
Os braços já não os sentia, adormeceram-lhe pela imobilidade.

E ele?
Onde estaria?
Teria ido embora? Deixando-a ali ...assim!!
Tinha de fazer algo, não podia continuar inerte e à mercê alheia ...
Tinha que procurar a guerreira que nela exitia, aquele espirito aventureiro e desafiador que sempre a acompanhou.

Tentou concentrar-se, serenar o melhor que pudesse e pensar.
Amarrada não podia fazer muito, pensou.
Lutar de nada lhe valeu, vistas as diferenças fisicas.
Ele era grande, corpulento ... para a estatura dela, um gigante.

Gritar!
Não ... ninguém ouviria.
E gritar como ...se a voz não lhe saía.
E ele a calaria antes.Não ...

Pensa, pensa ...pensa algo. Sai daí.

Algo se moveu ao seu lado ...
Estava ali, olhando para ela ..de olhos brilhantes.
Sentiu os dedos dele recomeçando a tocar-lhe ..
pareciam ferros queimando-lhe a pele à sua passagem, marcando a fogo e dor.

Num relance de lucidez, gritou-lhe!
E com uma calma que não sentia, pediu-lhe que a deixasse que a soltasse.
Que não gritaria ...
Perante o olhar negativo dele.Tentou mais uma vez;
(apelando ao seu instinto e às forças que tirou nem sabe de onde)
tentou um timbre de uma quase meiguice na voz e um 'por favor' ...preciso ir ao wc.

Ele olhou-a diferente ...quase que surpreendido.
Talvez desconfiasse.Olhou-a firme, directo.
(Não viu mais que olhos).
E por segundos que pareciam séculos, concedeu-lhe 'a graça'.

Desamarrou-lhe os laços que a prendiam;
atirou-lhe um qualquer trapo que ela arremassou às pressas, vestiu-se tentando controlar o tremer e sobrepôr-se à dor, ao medo e ao receio que escutasse o seu pensamento.

Passou-lhe perto, sem o olhar ...e correu dali para fora, refugiando-se no unico lugar que lhe ocorreu.
Cambaleante tateou a porta e fechou-a à chave.

Deixou o corpo escorregar, enroscou-se em si mesma ...e chorou.



Samstag, November 13, 2004

Um sorriso




Sinto-me diferente.
Desde a ultima isolação silenciosa. É como se algo em mim tivesse mudado, crescido, amadurecido.
Não sei ao certo o que seja, mas sinto-me eu, inteiramente eu.

(e eu que pensava ter já amadurecido o bastante)

Estou diferente em relação a certas situações, mais segura de mim ...até parece que cresci uns palmos ...rs rs

Ontem, por exemplo ...
Ontem era um dia que me recordava a saudade triste ...
Tem sido assim desde à 7 anos, desde que meus pais partiram ...
Já me tinha preparado psicologicamente para passar as horas o mais rápido possível.
Mas não, pelo contrário;
A noite foi longamente curta.Bonita, leve ...

Entrou pela madrugada e de mãos dadas, esperaram o adormecer das estrelas e o despertar de uma nova manhã;
Sem que eu desse por isso ...era já um outro dia.

O dia foi diferente do que eu pensava que viria a ser.
Cantei.
Dancei.
Sorri ...
E sentia nesses feitos uma aprovação, uma calmaria ...um calorzinho na nuca.Um bem estar e ternura infinita.

Afinal era assim que o meu pai me gostava.
Era assim que ele me queria ..cantando e de olhar sorridente.
Era homem diplomado na escola da vida dura, mas com a alma ao léu e o coração na mão, estendido.

(Não, não é por ser meu pai ...tb tinha defeitos ...mas era homem da velha escola.)

Lembro que quando era menina ...decorava todas as musicas da altura, e cantava-as a todo o momento.
Era o orgulho dele.
Os olhos brilhavam quando me pegava ao colo, me punha em cima duma mesa e eu, dançava e cantava a plenos pulmões.
Na taberna lá da vila, eu ...a unica menina com direito a entrar no cantinho reservado aos homens.
Ora ...era a estrela lá do sitio.

Que bom recordar esses momentos ...
Aquecem-me a alma.

Se fecho os olhos ...sinto por momentos as mão fortes, aspras mas tão meigas.
Aquela voz calma e carinhosa ...e um sorriso sempre presente a desenhar os lábios.

E acabei o dia, começando um outro com um sorriso calmo

*(coração canta baixinho ...obrigada)*



Be Blessed

(...*...)

Donnerstag, November 11, 2004

Remexendo no passado ...I





Acordei à pouco ...
gemendo, com os olhos rasos de lágrimas;
e uma voz de homem que me gritava.
Não sei o que dizia, nem o porquê dos gritos ou das lágrimas, mas o certo é que me deixa sem alentos,

nem vontade para recomeçar o que resta do dia.

Poucas são as vezes que recordo os 'sonhos' .


Talvez seja o reflexo das memórias do passado que sempre teimam em fazer-se presente.
Ou por ter remexido esta madrugada no passado.

Novembro ...
Mês dificil para mim, bastante mesmo, diria ...
Aproxima-se uma data que me arrasta com força para os recantos mais remotos da memória.
Vasculho lá bem dentro recordações, procurando as meigas, as ternurentas ...e sempre me cobre um manto de saudade.
Neste mês partiu quem eu mais amava ...meu herói, a minha referência mais profunda e linda ... meu pai.


Ahhh ...a Memória!
Lá onde se encontram todas as vivências que escondi.

Para esquecer ...
Era preciso esquecer!
Amadurecer, crescer, aprender a lidar e saber viver com elas.
(falo das ruins, claro)

Era imperioso o olvido para não me tornar inumana, selvagem, era preciso para continuar a viver e voltar a acreditar!

E sonhar novamente!

Mas foram essas mesmas lembranças que me fortaleceram, que me deram forças a ser e estar na vida.
Um pouco contraditório, eu sei ...mas é assim mesmo.

E como que empurrada pela mão invisivel do tempo ... volto lá.
E recordo!
Vivo esses momentos.
Sinto-os vivos na pele ..e tudo volta ali, àquele instante, àquele lugar.

....

Cheira a mofo ...a suor.
Por entre as lágrimas e o olhar ausente, ali está.
O pesadelo, a dor ...a vergonha.
Ela, a menina que horas atrás ainda sorria que acreditava nos Homens, na bondade e confiança.
Que pensava que podia mudar as coisas ruins e feias da vida ...estava ali.
Naquele quarto, com cheiro a podridrão, com cheiro de mulher que passou a ser, porque a vida assim o decidiu.
Sem pedir permisso, sem que pudesse decidir.

Roubaram-lhe o poder de decisão.

A vontade.
Rasgaram-lhe a inocência.
Pisaram-lhe o orgulho, massacrando,sujando todos os direitos como ser humano.
Roubaram-lhe ... naquele momento a vontade de viver.

Tentou levantar-se daquele lugar onde tudo se colava ao seu corpo, mas não podia levantar-se.
Doiam-lhe os braços, as pernas ... todo o corpo.
Doia-lhe a alma e todo o ser.
Estava ali, ela ...

a menina que deixou de ser,
perdida e amarrada numa cama como se fosse um animal.

Hora atrás hora.


Quantas horas teriam passado, ou seriam dias?!
Não sabia!
Tinha perdido a noção do tempo.

Ao lado, descansando, o pesadelo continuava ali ..
fumando pausadamente,
saboreando um conhaque, com gestos lentos, satisfeito!
Olhava para ela de revés de quando em vez ;
balbuciava por entre a fumaça palavras que ela não entendia.

Ela sussurava, suplicante por entre soluços;
...ele, ignorava-a!
Cansada, esgotada, adormecia com lágrimas nos olhos assustados e nos lábios um NÃO contínuo.
...E acordava.





Mittwoch, November 10, 2004

sem sonhos, nem sentires.


Há um frio gélido e seco que me acompanha.
Há semanas que o sinto, lento ...aproximando-se.

Não, não é o frio da noite, nem desta estação invernal.
É um frio interno.

As mãos tateam sem desejos nem vontades.
Os gemidos são mudos e os sussuros gritos calados.

Pautas de melodias compostas por desilusão ...outras;
por um vazio perene.

São tantas as palavras que me fogem e tantos os pensamentos que me invadem ..me fustigam, me violam.
Que sangram.

Dormi por anos em teias de ilusão ...acreditando.
Minha pele é gelo que me reveste.
Meus sentires são apenas fumo que se esfumam no espaço.

Meu peito é a cela de um coração que já não o é.

As lágrimas gastei-as por mentiras;
Secou o mar dos sentimentos que limpava a dor.

Não estremeço com o toque do vento
Nem oscilo à dor que sinto.

Circulo fechado, não ponteado.
A mim não mais chegarão olhares, nem palavras.


...

sem sonhos.