Dienstag, August 30, 2005

Teu caminho.


Foram muitas as coisas que me deste,palavras errantes, sentires controversos ..
O abismo dum olhar, fugidio aos raios de luz, escassos em teus traços.

Rastejas num caminho errante, solitário
..desertico.
Numa verdade que inventaste.

Não!
Não me atormentas, nem me roubas o sono.
Apenas deixei de te ofertar a mão estendida, agarrando na tua, agreste.

Não há asas protegendo teu voo negro, matizado de sangue alheio.
Não há rios cantando no sereno;
não há amanhecer,nem despertar;
Não mais a brisa beijou o teu sorriso!

Anoiteceu em ti!

Há braços, pernas, pedaços de gente, lamentos ...
Apenas a lama negra dum mar poluído abraça a tua queda!



sonhadora

Samstag, August 27, 2005

Contos

Um senhor,
há muito tempo, muito tempo ...
tanto falou que seu vizinho era ladrão,
que o rapaz acabou preso.

Dias depois, descobriram que era inocente.
O rapaz foi solto e processou o homem.

No tribunal ...
o velho diz ao juiz:
"-Comentários não causam tanto mal!"

E o juiz responde:
"-Escreva os comentários num papel, depois pique e jogue os pedaços no caminho de casa.
Amanhã, volte para ouvir a sentença."

O senhor obedeceu e voltou no dia seguinte.

"Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou ontem." Disse o juiz ...

Responde o velho:
"- Não posso fazer isso.
O vento deve tê-los espalhado, já não sei onde estão."

Responde o juiz:
"- Da mesma maneira,que um simples comentário pode destruir a honra de um homem, a ponto de não podermos consertar o mal."

Se não se pode falar bem de uma pessoa,
é melhor que não se diga nada.

Sejamos donos de nossa boca,
para não sermos escravos de nossas palavras.



("roubei" algures na net, ..numa das minhas muitas viagens, desconheço o autor")

Donnerstag, August 25, 2005

Genialidade

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...



(Clarice Lispector)


OBS.: Agora leiam de baixo para cima. Pura arte ...pura genialidade e a riqueza da lingua portuguesa.

Parábola da rosa


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Um certo homem plantou uma rosa e passou e regá-la constantemente e
antes que ela desabrochasse,
ele a examinou.


Ele viu o botão que em breve desabrocharia, mas notou espinhos sobre o talo e pensou:
"Como pode uma bela flor vir de uma planta rodeada de espinhos tão afiados?"

Entristecido por esse pensamento,
ele se recusou a regar a rosa e,
antes que estivesse pronta para desabrochar,
ela morreu.

É assim com muitas pessoas.
Dentro de cada alma há uma rosa:
as qualidades dadas por Deus e plantadas em nós crescendo em meio aos espinhos de nossas faltas.

Muitos de nós olhamos para nós mesmos e vemos apenas os espinhos,
os defeitos.
Nos desesperamos,
achando que nada de bom pode vir de nós, e, consequentemente, isso morre.

Nós nunca percebemos nosso potencial.
Algumas pessoas não vêem a rosa dentro delas mesmas.
Alguém mais deve mostrá-la a elas.

Um dos maiores dons que uma pessoa pode possuir ou compartilhar
é ser capaz de passar pelos espinhos
e encontrar a rosa dentro de outras pessoas.
Esta é a característica do amor,
olhar uma pessoa e
conhecer suas verdadeiras faltas.

Aceitar aquela pessoa em sua vida,
enquanto reconhece a beleza em sua alma e
ajudá-la a perceber que ela pode superar suas aparentes imperfeições.

Se nós mostramos a essas pessoas a rosa,
elas superarão seus espinhos.
Só assim elas poderão desabrochar muitas e muitas vezes.

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(desconheço o autor ..encontrei na net)

Om Mani Padme Hum


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Mittwoch, August 24, 2005

A tristeza e a fúria




Num reino encantado onde os homens nunca podem chegar, ou talvez onde os homens transitam eternamente sem se darem conta ...

Num reino mágico onde as coisas não tangíveis se tornam concretas ...

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Era uma vez ...

Uma lagoa de água cristalina e pura onde nadavam peixes de todas as cores existentes e onde todas as tonalidades de verde se reflectiam permanentemente ...

Aproximaram-se daquele lugar mágico e transparente, a tristeza e a fúria, para se banharem em mútua companhia.
As duas tiraram os vestidos e, nuas, entraram na lagoa.

A fúria, que tinha pressa (como sempre acontece com a fúria),
pressionada pela urgência -sem saber porquê-, banhou-se rapidamente e, ainda mais rapidamente, saíu da água ...

Mas a fúria é cega ou, pelo menos, não distingue claramente a realidade. Por isso, nua e apressada, pôs, ao sair, o primeiro vestido que encontrou ...

E aconteceu que aquele vestido não era o dela, mas o da tristeza ...

E assim, vestida de tristeza, a fúria foi-se embora.

Muito indolente, muito serena, disposta como sempre a ficar no lugar onde estava, a tristeza terminou o seu banho e, sem pressa -ou, melhor dito, sem consciência da passagem do tempo -, com preguiça e lentamente, saíu da água.

Na margem, deu-se conta de que a sua roupa já lá não estava.
Como todos sabemos, se há coisa que não agrada à tristeza é ficar nua. Por isso vestiu a única roupa que havia por ali:
O vestido da fúria.

Contam que, desde então, muitas vezes nos encontramos com a fúria, cega, cruel, terrível e agastada. Mas se nos dermos tempo para olhar melhor, apercebemos-nos de que esta fúria não passa de um disfarce e, por detrás do disfarce, na realidade, está escondida a tristeza.



Tirado do livro "contos para pensar" de Jorge Bucay