Acordou sobressaltada.
Por momentos ...e por entre as brumas do sono, pensou que tudo tivesse sido apenas um horrivel pesadelo.
Mas não!
Depressa se deu conta que esta era a sua realidade.
O mesmo cheiro pestilento, o mesmo sabor amargo na boca.
O mesmo desespero!
Que horas seriam!? Pensou ...
Faltaria muito para amanhecer!?
Estava escuro lá fora, no quarto e no seu mais adentro.
Não podia mexer-se!
Os braços já não os sentia, adormeceram-lhe pela imobilidade.
E ele?
Onde estaria?
Teria ido embora? Deixando-a ali ...assim!!
Tinha de fazer algo, não podia continuar inerte e à mercê alheia ...
Tinha que procurar a guerreira que nela exitia, aquele espirito aventureiro e desafiador que sempre a acompanhou.
Tentou concentrar-se, serenar o melhor que pudesse e pensar.
Amarrada não podia fazer muito, pensou.
Lutar de nada lhe valeu, vistas as diferenças fisicas.
Ele era grande, corpulento ... para a estatura dela, um gigante.
Gritar!
Não ... ninguém ouviria.
E gritar como ...se a voz não lhe saía.
E ele a calaria antes.Não ...
Pensa, pensa ...pensa algo. Sai daí.
Algo se moveu ao seu lado ...
Estava ali, olhando para ela ..de olhos brilhantes.
Sentiu os dedos dele recomeçando a tocar-lhe ..
pareciam ferros queimando-lhe a pele à sua passagem, marcando a fogo e dor.
Num relance de lucidez, gritou-lhe!
E com uma calma que não sentia, pediu-lhe que a deixasse que a soltasse.
Que não gritaria ...
Perante o olhar negativo dele.Tentou mais uma vez;
(apelando ao seu instinto e às forças que tirou nem sabe de onde)
tentou um timbre de uma quase meiguice na voz e um 'por favor' ...preciso ir ao wc.
Ele olhou-a diferente ...quase que surpreendido.
Talvez desconfiasse.Olhou-a firme, directo.
(Não viu mais que olhos).
E por segundos que pareciam séculos, concedeu-lhe 'a graça'.
Desamarrou-lhe os laços que a prendiam;
atirou-lhe um qualquer trapo que ela arremassou às pressas, vestiu-se tentando controlar o tremer e sobrepôr-se à dor, ao medo e ao receio que escutasse o seu pensamento.
Passou-lhe perto, sem o olhar ...e correu dali para fora, refugiando-se no unico lugar que lhe ocorreu.
Cambaleante tateou a porta e fechou-a à chave.
Deixou o corpo escorregar, enroscou-se em si mesma ...e chorou.
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Best regards from NY! » » »
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