Donnerstag, November 11, 2004

Remexendo no passado ...I





Acordei à pouco ...
gemendo, com os olhos rasos de lágrimas;
e uma voz de homem que me gritava.
Não sei o que dizia, nem o porquê dos gritos ou das lágrimas, mas o certo é que me deixa sem alentos,

nem vontade para recomeçar o que resta do dia.

Poucas são as vezes que recordo os 'sonhos' .


Talvez seja o reflexo das memórias do passado que sempre teimam em fazer-se presente.
Ou por ter remexido esta madrugada no passado.

Novembro ...
Mês dificil para mim, bastante mesmo, diria ...
Aproxima-se uma data que me arrasta com força para os recantos mais remotos da memória.
Vasculho lá bem dentro recordações, procurando as meigas, as ternurentas ...e sempre me cobre um manto de saudade.
Neste mês partiu quem eu mais amava ...meu herói, a minha referência mais profunda e linda ... meu pai.


Ahhh ...a Memória!
Lá onde se encontram todas as vivências que escondi.

Para esquecer ...
Era preciso esquecer!
Amadurecer, crescer, aprender a lidar e saber viver com elas.
(falo das ruins, claro)

Era imperioso o olvido para não me tornar inumana, selvagem, era preciso para continuar a viver e voltar a acreditar!

E sonhar novamente!

Mas foram essas mesmas lembranças que me fortaleceram, que me deram forças a ser e estar na vida.
Um pouco contraditório, eu sei ...mas é assim mesmo.

E como que empurrada pela mão invisivel do tempo ... volto lá.
E recordo!
Vivo esses momentos.
Sinto-os vivos na pele ..e tudo volta ali, àquele instante, àquele lugar.

....

Cheira a mofo ...a suor.
Por entre as lágrimas e o olhar ausente, ali está.
O pesadelo, a dor ...a vergonha.
Ela, a menina que horas atrás ainda sorria que acreditava nos Homens, na bondade e confiança.
Que pensava que podia mudar as coisas ruins e feias da vida ...estava ali.
Naquele quarto, com cheiro a podridrão, com cheiro de mulher que passou a ser, porque a vida assim o decidiu.
Sem pedir permisso, sem que pudesse decidir.

Roubaram-lhe o poder de decisão.

A vontade.
Rasgaram-lhe a inocência.
Pisaram-lhe o orgulho, massacrando,sujando todos os direitos como ser humano.
Roubaram-lhe ... naquele momento a vontade de viver.

Tentou levantar-se daquele lugar onde tudo se colava ao seu corpo, mas não podia levantar-se.
Doiam-lhe os braços, as pernas ... todo o corpo.
Doia-lhe a alma e todo o ser.
Estava ali, ela ...

a menina que deixou de ser,
perdida e amarrada numa cama como se fosse um animal.

Hora atrás hora.


Quantas horas teriam passado, ou seriam dias?!
Não sabia!
Tinha perdido a noção do tempo.

Ao lado, descansando, o pesadelo continuava ali ..
fumando pausadamente,
saboreando um conhaque, com gestos lentos, satisfeito!
Olhava para ela de revés de quando em vez ;
balbuciava por entre a fumaça palavras que ela não entendia.

Ela sussurava, suplicante por entre soluços;
...ele, ignorava-a!
Cansada, esgotada, adormecia com lágrimas nos olhos assustados e nos lábios um NÃO contínuo.
...E acordava.





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