Chegam-me os dias como vésperas do ontem. Quando te estendia as mãos, como barco perdido em alto-mar, Buscando uma torre, Um farol! Uma luz-guia no teu olhar!
Secretas eram as portas, abertas ao teu encontro!
E o tempo pleno de magia, passou! Secaram as palavras. Despidas de ternura e melodias.
Hoje sou toda eu, Alma calada. Numa vida que não é minha. Num mundo desconhecido. Casa visitada por silêncios, Paredes caídas. Destroços espalhados, entre ervas daninhas e serpentes.
Recolho-me na mudez. E guardo a custo todas as loucuras que não vivi, E os verbos costuro-os a linha grossa, Na assimetria da dor que me dói. Nua!
Li esta frase algures, numa das minhas visitas pela net. Assim me sinto desde que partiste! Desenraizada!! E morro tantas vezes por dia quando sinto tua presença abraçando-me. Invadindo todos os cantos da minha memória! E embora te saiba comigo a todos os instantes, protegendo-me e mimando, E apesar dos anos ...sinto a tua falta, pungente de saudade infinita.
Comprei-te açucenas brancas! E no silêncio, sorriste-me.
Pensei que este ano que começara morno, e bonito; Poderia tornar-se suportável o encontro inevitável com o Novembro. Este é tão frio e vazio, como o de há 10 anos.
Na melodia de teus braços, procuro alento, Força e Sossego! No teu ombro descanso o olhar cansado. Lasso!
Fica assim! Assim, por favor ...mais uns instantes! Aquieta-me!
Embriaga-me de carinho, rosas vermelhas, música e lírios. Que tuas mãos, enlacem o caminho. Avivando no corpo, o fogo, inspirando a onda seca, E o desmaiado dos sentidos.
Acaricia-me aquando eu, gemido dolente, bruxuleante, me dilua em teu sangue, e minha alma se evapore, No calor do teu peito!
Depois ... Livre! Serei apenas afago! Mãos plenas, desenhadas na tua eternidade!
"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio."
(Oswaldo Montenegro)