Estendem.se as horas numa languidez inquietante. Adormecem os olhos, numa visão dupla. Afatigada. Apercebo contornos ímpossiveis. Teurgícos! Famintos de tudo e nada.
Não me pertencem estes gestos autónomos, E as palavras, ouço-as, ciciadas ...distantes. Como se de mim a cordura tivesse desertado, Renunciando a entender, a ver. A mais querer.
Na lonjura e em silêncio, castigo-me e protejo. Num absentismo morno, renascem energias demulçam sentires. À flor da pele, numa alvorada Borbotam ninhos de poesia.
Morrem rasgadas todas as páginas. Queimam-se as palavras antes de nascerem, Em fogo no gelo que me abraça. Voz em voo, espirais de silêncio! Selando pactos entre espaços. Nas entranhas dum lamento. Te enlaço!
Avivam-se rituais, na madrugada porvir. Hoje será noite sem fim. Estrelas caídas num horizonte ignoto. Alma desgarrada, insana e merma Vem a mim!
Clamo a fúria do Trovão, A neve, o gelo, E o frio do vento Norte! Encadeados tormentos Todos os Elementos! Te embaço!
Segredos do Tempo, adjuro!! Brumas, Arcano. Cicatrizes de túmulo Pedaços de gritos feridos, deles, a ferro e fogo te revisto Longe no Eterno.
Ceptro meu, outorga-me o Poder Mãos de Luz, circulo Real, Dom de Amor, peço que me concedas, Protecção e abrigo! E que minha vontade seja feita!
"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio."
(Oswaldo Montenegro)