Não sei se estou de regresso a este canto ou apenas de passagem. Breve ou não; Não sei ... os sentires e a necessidade de expressá-los assim decidirão. Num principio a ausência, foi um estar bem, serenidade, equilibrio ...e a pouca necessidade de escrever. Não que não tivesse nada a dizer. Tenho (quase) sempre algo a dizer, nem sempre interessante para todos os ouvidos (olhos, neste caso) alheios, mas a euforia, o pouco tempo , deixaram pouco espaço para a escrita. Não deixei de sentir pelo simples facto de não escrever aqui.Continuei a fazê-lo ...noutro lado. Como disse (escrevi) atrás ...há sentires que não se mostram ao rubro. Não por pudor, apenas para resguardar-me. Já me desnudei bastante ...demasiadas vezes!
E agora ... Agora, regressou o outono ...e vesti-me dele. Sinto na pele o adormecer das palavras, das emoções. E um vazio frio ...arrepiante. Como se um pricipicio crescesse bem dentro...fundo, nas entranhas do meu ser. E um silêncio ensurdecedor. Nestes momentos assim ...melancolicos, os pensamentos atropelam-se em voltas e reviravoltas que quase não alcanço a entender-me. Afadigo-me a tentar ordená-los na biblioteca da memória ... E entre cigarro, fumo e lágrimas vão-se engavetado pensares.
E num qualquer papel roubado ao acaso na mesa pronta para almoçar ...as palavras rabiscadas sem pensar ... Ferem-me o olhar. E o fumo ... O fumo aquieta-o.
"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio."
(Oswaldo Montenegro)